O lugar para onde uma pessoa vai após morrer e como estará neste lugar é variável e depende do nível de evolução e despertar de cada pessoa. O apego à matéria não é somente o apego aos bens materiais, mas a tudo relacionado ao plano material. Idéias, pensamentos, emoções, personalidade, paixões, amores inconscientes, honras, morais, costumes, intelecto, razão e mente também fazem parte da matéria. Algumas pessoas sofrem por carros e casas, outras sofrem por idéias, mas no final tudo é ilusão e tudo é sofrimento. O ateu que se apega a um bem não sofre mais que um espiritualista que se apega à uma idéia. O sofrimento vem pela ilusão que o exterior traz ao homem, fazendo-o dormente e cego para a realidade interna.
A inconsciência em vida reflete em inconsciência após a morte. Uma pessoa que ignora seu verdadeiro Eu nesta vida não poderia magicamente adquirir toda esta consciência meramente por morrer. No plano material as pessoas contam com a segurança material que o dinheiro lhes dá garantindo a satisfação de suas necessidades básicas, como moradia e alimentação, e podem contar com o auxílio de familiares e amigos, mas no plano espiritual não funciona assim, ainda mais com os inconscientes. Existem muitos espíritos errantes no mundo espiritual que inconscientes de seu estado passam tempos sofrendo antes de reencarnar, mas que podem ser ajudados por quem vivo está. Hoje pela manhã tive a satisfação de poder ajudar neste sentido.
Entrei na dimensão astral levantando com meu corpo astral de minha cama e deixei meu corpo físico ali deitado repousando. Saí de minha casa e ao olhar para o lado esquerdo da rua avistei uma mulher de costas para mim andando lentamente e desnorteada. Logo percebi que tratava-se de alguém inconsciente; uma pessoa morta que não tinha consciência de seu estado, que estava vagando pelo mundo espiritual e que precisava de ajuda. Fui até ela. A mulher usava vestes brancas, estava descalça, usava um vestido branco de linho fino com bordados, uma roupa leve, tinha cabelos compridos ondulados e negros, pele clara, jovem e muito bonita. Eu sabia que precisava auxiliá-la em sua elevação e iniciei a aproximação. Perguntei seu nome e ela disse chamar-se Tânia.
Fui caminhando lentamente ao lado de Tânia pela rua objetivando uma aproximação mínima prévia antes de iniciar o processo de despertar, pois não daria para chegar imediatamente e dizer que ela estava morta. Descobri que Tânia morreu aos 19 anos e isso já fazia 41 anos. Se Tânia não tivesse morrido ela estaria hoje com 60 anos de idade. Tânia aparentava ter mais que 19 anos, apesar de parecer jovem. Quando morreu, Tânia estava grávida de gêmeos e no 8º mês de gestação. Tânia não tinha consciência que havia morrido, pensava estar viva e vagava pelo plano astral desta forma. Após obter estas informações iniciei o processo para fazer com que Tânia adquirisse a consciência de seu estado de desencarnada e assim pudesse continuar o seu caminho.
Assim como no plano físico uma imagem vale mais que mil palavras no plano astral também. Como Tânia duvidava que estava morta (todos duvidam) seria necessário algo que a fizesse comprovar tal estado. Contando com o auxílio da espiritualidade superior em meu propósito, questionei-a sobre quem ela gostaria de ver que já estivesse morto. Desta forma eu evocaria o espírito de algum morto próximo à Tânia para que viesse ao seu encontro ali naquele momento e assim ela comprovaria que estava morta. Tânia falou de seus filhos, mas seus filhos haviam morrido ainda em gestação juntamente com ela. Sugeri que indicasse outra pessoa e ela sugeriu a tia. Neste momento, ao invés de aparecer a tia ou alguém próximo à Tânia apareceu uma outra mulher.
Era uma senhora, aparentemente de 50 anos, de óculos, cabelo comprido e amarrado e roupas sociais usando saia. Esta senhora disse que Tânia e ela haviam se envolvido em um acidente de automóvel onde uma bateu no carro da outra. Tudo isso acontecia enquanto Tânia continuava vagando lentamente pela rua e eu do seu lado. Esta mulher que veio ao nosso encontro passou a nos acompanhar e estava também inconsciente. Aproximando-se da esquina um outro senhor veio ao nosso encontro. Um senhor de idade, mais ou menos 60 anos, cabelos grisalhos e curtos, com bigode e solitário. Como ele havia nos visto resolveu aproximar-se de nós na espera de que algo acontecesse. No plano dos mortos há muito disto; pessoas sozinhas vagando procurando uma luz.
Continuei andando ao lado de Tânia e junto conosco vinham a senhora envolvida no acidente e o senhor que resolveu nos seguir. Chegando à esquina da rua viramos à direita em um cruzamento. Vieram duas crianças, de aproximadamente 8 anos, dispostas e sorridentes correndo ao nosso encontro, mas não eram os filhos de Tânia. Tânia comentou sobre isso comigo manifestando certa frustração por não serem seus filhos e eu disse que no plano espiritual todos cuidam de todos e que ela deveria cuidar destas crianças também mesmo que não fossem filhos dela. Eu disse que no plano espiritual as coisas não funcionam como no plano físico onde as pessoas só se importam com seus familiares. Tânia receberia ajuda, mas também precisaria ajudar.
Meu primeiro objetivo era ajudar na elevação do espírito de Tânia, mas quando outros espíritos nos viram começaram a nos seguir, seja por inconsciência ou esperança. Eu já deveria voltar para o plano físico e a minha parte no trabalho, já que estou vivo, iria até um determinado ponto. Dali em diante outros espíritos que trabalham do lado de lá iriam continuar o trabalho. Levei Tânia à uma casa de amparo espiritual em uma rua ali próxima e os outros nos seguiram até lá. Nesta casa existem espíritos que se dispõem a este tipo de trabalho. Eles recebem os espíritos que despertaram da morte e lhes acolhem em seu meio para lhes preparar para o próximo passo. Apresentei Tânia a todos e expliquei sua situação. Então a deixei e voltei ao meu corpo físico.
Estas casas de amparo espiritual existem no plano espiritual em todos os cantos. Funcionam como ONGs e lá se vive em fraternidade e em comunidade, um cuidando do outro. Os espíritos mais elevados que mantêm estas casas trabalham para auxiliar os mortos a adquirirem consciência de seu estado e a prestar os primeiros socorros aos que acabaram de morrer e precisam de ajuda, um momento crítico e delicado para a alma. A partir do momento que os espíritos despertam e não estão mais em estado crítico eles já começam a trabalhar e ajudar, como Tânia teria também que cuidar de outras crianças que não eram seus filhos. Infelizmente no plano físico as pessoas só se preocupam com quem têm seu sangue e só pensam em serem ajudadas.
As crianças que vieram ao encontro de Tânia vieram desta casa e vieram dar boas-vindas a quem faria parte de seu meio. A mulher que foi ao encontro de Tânia, e que havia tido o acidente de carro, estava inconsciente ao ponto de apenas preocupar-se em ter os danos materiais do acidente ressarcidos. A consciência dormente age desta forma. Fica tão presa à matéria e à mecanicidade que não consegue ver o que há diante de si. O homem que nos seguiu por primeiro não era um espírito errante como Tânia, mas estava sem rumo. Existem os espíritos errantes totalmente inconscientes de sua realidade e que vagam sem destino e os que mesmo dotados de uma consciência maior não sabem o que fazer e para onde ir e apenas esperam uma luz que lhes indique um caminho.
No plano espiritual do orbe terrestre existem bilhões de espíritos sofrendo e precisando de ajuda ao mesmo tempo em que existem milhões de pessoas no plano físico que se dizem interessadas em espiritualidade e espiritualizadas. Milhões de pessoas que lêem milhões de livros, que vão em milhões de palestras, que fazem parte de milhões de grupos espirituais, que entram em milhões de escolas esotéricas e ordens iniciáticas que ninguém mais entra e cheias de magias. Certamente estas milhões de pessoas tão evoluídas espiritualmente podem tranquilamente prestar-se ao serviço de amparo espiritual no plano astral, pois conscientes da necessidade de ajuda que existe do lado de lá e tão capazes que são jamais se entregariam à inutilidade.
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