É imprescindível que um estudante de ciências ocultas saiba do que fala ao invés de apenas repetir como papagaio aquilo que lê e ouve. O estudante deve saber que Ar e Terra não são elementos puros, mas sub-elementos, que derivam do Fogo e da Água. Da fonte primordial, o Akasha (“éter”, “5.º elemento”, “quintessência” e etc.), o primeiro elemento originado é o Fogo. O outro elemento originado do Akasha é a Água, cujas características são opostas e complementares ao Fogo. Esta dualidade é o princípio hermético da polaridade, expresso na lei da dualidade, encontrando-se em nosso corpo através da bipolarização, sendo um o pólo positivo (masculino) e outro o negativo (feminino) (ressalta-se que esta condição de “positivo” e “negativo” em nada se associa com “bem/mal” e “bom/ruim”). O pólo positivo é elétrico (elemento Fogo) e o negativo é magnético (elemento Água).
Franz Bardon diz sobre o tema: “Outro elemento que se formou a partir do Akasha é o Ar. Os iniciados encaram esse princípio não como um elemento real, mas colocam-no numa posição intermediária entre o princípio do fogo e da Água. … Já dissemos que o princípio do Ar não representa propriamente um elemento em si, e essa afirmação vale também para o princípio da Terra.” (Bardon, Franz. Magia Prática. O caminho do Adepto. São Paulo: Editora Ground. 2007. p.29).
No Taoísmo o Ar nem elemento é. Os 5 elementos são: Fogo, Madeira, Terra, Água e Metal, nessa ordem, onde Fogo é o elemento primordial, a ponta de cima do pentagrama. Nesta conotação, o Fogo, tem uma conotação análoga ao Big Bang científico, à explosão que deu origem a tudo, é a característica expansiva do Fogo. A expansão que cria, é o “INRI” em cima na cruz de Cristo, “Ignis Natura Renovatur Integram” (“O Fogo renova incessantemente a natureza”).
Eliphas Levi fala sobre as características dos pólos elétrico (Fogo) e magnético (Água): “Qual a natureza do princípio ativo? É espalhar. Qual é a natureza do princípio passivo? É reunir e fecundar. Que é o homem? É o iniciador, o que destrói, cultiva e semeia. Que é a mulher? É a formadora, a que reúne, rega e ceifa.” (Levi, Eliphas. Dogma e Ritual da Alta Magia. São Paulo: Editora Pensamento. p.84).
No casamento alquímico, Fogo é o homem, Água é a mulher, o Ar é o sacerdote que une Fogo e Água e a Terra é o fruto desta união. É Kether que originou Chokmah e que em sua união com Binah resultou em Chesed e Geburah. O 1 mais o 2 que originou o 3. Os elementos Ar e Terra são efeitos e suas causas são o Fogo e a Água, assim como Fogo e Água são efeitos da causa do Akasha. Não são elementos puros em si, mas assumem características espelhadas das polaridades dos elementos reais de onde surgiram.
Johann Heyss também fala sobre o tema: “O elemento Ar, tradicionalmente o elemento da criação, da idéia, do pensamento. Elemento anterior à Terra (a ordem correta é fogo-água-ar-terra), ou seja, sendo a Terra a manifestação no plano objetivo-material, o Ar vem a ser a idéia desta manifestação. Fogo é o espírito, o mais próximo do intangível Éter. Água é o elemento da emoção que faz a comunicação entre o intelecto criativo e o espírito tomando seus primeiros contornos. Ar, dentre os elementos imateriais, é aquele mais próximo da matéria, conectando-a com os sentimentos da Água. Ar é fruto da união do Fogo e Água, seu filho. É um elemento yang, masculino, embora contenha a sutileza da mãe Água, bem como do vento.”(Heyss, Johann. O Tarô de Toth. Rio de Janeiro: Editora Nova Era. 1999. p.53).
A hierarquia dos elementos é importante saber na medida em que se busca o entendimento verdadeiro das causas espirituais, pois uma coisa é repetir o que leu e ouviu e outra é saber do que se fala. Esta ordem dos elementos está em infinitos ensinamentos esotéricos, ocultistas, mágicos, místicos, religiosos, filosóficos e em até brincadeiras populares, como o truco, onde a força dos naipes é na ordem de Paus (Fogo) > Copas (Água) > Espadas (Ar) > Ouros (Terra). Ar e Terra, não são elementos reais, apenas sub-elementos derivados dos elementos maiores: Fogo e Água, sendo Fogo o elemento primordial da criação divina, o primeiro elemento derivado do plano onde Deus se encontrara antes de tudo. Deus, ao criar o mundo, disse “Fiat lux” (“que se faça a luz”), e, com o Fogo, tudo se vez. O resto, é resto.
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